Tarde de Fuga
Hoje, rompi com toda consciência humana que se esgueirava entre meus pés.
Veloz, senti o gosto seco do fugitivo, saltei as listras opacas por onde minha sombra, laxa, se projetava, não menos opaca.
A eternidade me foi jogada aos pés, e em passos apressados, pisei sobre ela. Eu a admirei.
Os olhos se ofuscam, com pontas e ruídos, e numa dança doce, tudo some, ao passo que uma grande mancha azul, límpida, se desloca.
Minha racionalidade se esvai, junto com tudo que é material e civilizado.
O nome some, o pensamento some. A dor é extinta.
Extingui todo o sentimento humano do meu peito.
E com todos os sentidos embaçados, enxerguei o divino. O lindo e silencioso Divino.
Acenei, e o abandonei.
Não sinto saudades.
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