domingo, 5 de outubro de 2008

Tarde de Fuga

Tarde de Fuga

Hoje, rompi com toda consciência humana que se esgueirava entre meus pés.

Veloz, senti o gosto seco do fugitivo, saltei as listras opacas por onde minha sombra, laxa, se projetava, não menos opaca.

A eternidade me foi jogada aos pés, e em passos apressados, pisei sobre ela. Eu a admirei.

Os olhos se ofuscam, com pontas e ruídos, e numa dança doce, tudo some, ao passo que uma grande mancha azul, límpida, se desloca.

Minha racionalidade se esvai, junto com tudo que é material e civilizado.

O nome some, o pensamento some. A dor é extinta.

Extingui todo o sentimento humano do meu peito.

E com todos os sentidos embaçados, enxerguei o divino. O lindo e silencioso Divino.

Acenei, e o abandonei.

Não sinto saudades.

Nenhum comentário: