domingo, 5 de outubro de 2008

Beco

Beco



Diversos pequenos quadrados uniformes preenchem todo o caminho frente aos meus passos.

Irregulares e perfeitos, e por algum motivo isso me perturba.

Tão débeis em suas formas, mas mantendo uma imagem perfeita de controle. Tão imensos mais ainda assim, pequenos.. Ínfimos, feito meu caráter.

E sem questionamento, o descontrole dita meus passos sobre as figuras divinas e me entrega o caminho e paisagem abandonado.

O amável veneno corre pelos meus braços e pernas, e me prende ao chão, destruindo toda a imagem de esperança que ainda guardava sob a pele. Se um ruído pudesse ditar a dificuldade de se mirar os sentimentos, ele soaria como seda. Macio e enganoso.

As luzes divinas rebatem entre as nuvens, e são lançadas em meio a multidões indolentes e suas canções à mortalidade irrisória.

Pobres cegos.. Longe das sombras, longe da virtude do esquecimento.



E quando as sombras tomam o lugar da matéria e a realidade se distorce, ouço meu nome vindo de uma caverna qualquer, de concreto úmido. Queria poder imaginar que esses sons proviessem de línguas santas, de bocas angélicas... Mas todo o conjunto de minha imagem lhes seria asquerosa.



E no sobressalto do desespero, munido de descrença, me lanço ao infinito, às ondas escuras e inodoras. Por chão toda a verdade e toda a beleza!

E por todas as ações empíricas de minha alma, desisto e me lanço no caminho do punho cerrado do inevitável.

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