domingo, 5 de outubro de 2008

Dose Tripla

M.(eses)

Entre as benções no escuro

um gosto velho

o cheiro puro

E sempre o silêncio

ao que se dizia:

"Em 8 meses

melhor um dia."

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Maio

Dedos pequenos e brancos tocavam meu peito.

Dedos e olhos, pernas e costas.

Tiros de 'emoção qualquer', indecifráveis, pintavam as paredes do quarto. Talvez um deles tenha sido o autor daquela pequena mancha vermelha no interior de sua coxa.

'Para sempre...'

Não meu bem. Não me force a dizer amores sobre o seu corpo, nem me faça crer no descaso do meu desejo, na paixão pelo teu seio...

Pela manchinha em sua coxa.

Engulo a promessa e ouço o sussurro do Espírito Santo.

'..te..amo.'

No santuário do seu ventre, descarrego meus pecados.

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Soba não-fuga do desejo.

E ela tem olhos de fera.

O olhar sorrateiro pré-bote, uma voz rugido paralisante.

Minha realidade ébria se molda e recorta em pequenas lembranças de passado dissolvido em desejo irreversível. É sempre irreversível. O salto não cessa no meio.

Respiro fundo e me entrego a essa cerimônia de sacrifício. Perder a alma, ganhar sua presença. Uma troca justa e não menos adorável.

Sob pequenas gotículas de chuva, primórdio arrancando a presença futura, me vendo e espero o derradeiro fim de presa-amante que me resta.

Os olhos de fera continuam mirando, e talvez eu faça barulho o suficiente esperando ser encontrado.

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