M.(eses)
Entre as benções no escuro
um gosto velho
o cheiro puro
E sempre o silêncio
ao que se dizia:
"Em 8 meses
melhor um dia."
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Maio
Dedos pequenos e brancos tocavam meu peito.
Dedos e olhos, pernas e costas.
Tiros de 'emoção qualquer', indecifráveis, pintavam as paredes do quarto. Talvez um deles tenha sido o autor daquela pequena mancha vermelha no interior de sua coxa.
'Para sempre...'
Não meu bem. Não me force a dizer amores sobre o seu corpo, nem me faça crer no descaso do meu desejo, na paixão pelo teu seio...
Pela manchinha em sua coxa.
Engulo a promessa e ouço o sussurro do Espírito Santo.
'..te..amo.'
No santuário do seu ventre, descarrego meus pecados.
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E ela tem olhos de fera.
O olhar sorrateiro pré-bote, uma voz rugido paralisante.
Minha realidade ébria se molda e recorta em pequenas lembranças de passado dissolvido em desejo irreversível. É sempre irreversível. O salto não cessa no meio.
Respiro fundo e me entrego a essa cerimônia de sacrifício. Perder a alma, ganhar sua presença. Uma troca justa e não menos adorável.
Sob pequenas gotículas de chuva, primórdio arrancando a presença futura, me vendo e espero o derradeiro fim de presa-amante que me resta.
Os olhos de fera continuam mirando, e talvez eu faça barulho o suficiente esperando ser encontrado.
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