domingo, 5 de outubro de 2008

E ele não tocou

Quarto

Tudo se mantinha imóvel enquanto eu podia sentir o pendulo do relógio se mover entre minhas costelas.

Esquerda, direita..Esquerda, direita.

Encolho-me sobre o amontoado de quilômetros e eles são gelados. Só quilômetros, nada mais me acompanhou, nada mais me esperava ao chegar.

Talvez deva mesmo ter perdido algo mais enquanto atravessava a ultima ponte.

Por instantes, realmente penso se peixes poderiam se alimentar de sentimentos... Mas não! Isso é uma particularidade nossa.

Se uma vez disseram que a rua é pequena demais para abrigar o mundo, hoje, digo que vai além, muito além, ele escapa ao tamanho das cidades, dos estados, da vista.

A muito o ‘meu mundo’ saltou de minha mochila... Rolou para o acostamento.

Então sento à beira da cama. Sento e afasto de mim tudo que está à minha volta. As roupas, sapatos, sonhos, tempo, afeições.

Afasto de mim meu próprio nome.

E por fim encontro. No chão, ao pé da mesa, o amor de minha vida espalhado com grãos de areia. Nada mais que isso, amor e pó sujando o chão.

Fecho os olhos e tento dormir. Amanhã pela manhã alguém varrerá isso para fora.

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