segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

São Paulo

São Paulo é um emaranhado de metal vibrante.
É um castelo de concreto e luxúria. O sonho que perdeu o controle.
Na calçada os homens suam e olham as mulheres. Suam e olham pois não há espaço para o desejo.
A vida rola lenta. A vida, na verdade, não rola. é estática. O homem se movimenta por intermédio da roda e, aos poucos, vai se tornando a própria roda.
São as pernas humanas que movimentam os carros, os ônibus. A cidade fez dos homens e mulheres as locomotivas modernas. Expelimos fumaça pálida, rugimos o motor de nossos pulmões. Corremos sobre o emaranhado do metal vibrante.
Moro em São Paulo já faz um tempo considerável e me nego a ser uma locomotiva, porém, ando entre trilhos e um desvio de atenção pode me levar uma perna ou mais.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

1:12

1:12 da manhã
o asfalto molhado é rasgado por pneus,
bêbados cantam alto, em irmandade,
enquanto a água se empoça em velhos boeiros.
A cidade pulsa morimbunda, em estado hipnótico.
No ninho, os suores expulsam os lençois,
o calor inflama a pele,
e eu não durmo,
vigio o sono da minha Vênus
para que no dia seguinte possa haver Sol.