quinta-feira, 20 de outubro de 2011

De improviso.

Se a caminhada até o pé da montanha somasse cinco dias, para ele (a quem faltava técnica mas sobrava coragem) durou apenas três. Também não aceitava companhia, foi completamente só. Na escalada, o que realmente lhe importava, se lançou sem pestaneio. Sofreu mais do que deveria, o corpo era todo erguido pela força bruta. Salve o braço forte! Dos sete acampamentos presentes ao longo da subida visitou apenas 4, aqueles que, por desventura do destino, cruzavam com seus momentos de necessidades não-adiáveis.
Chegou rápido a altura onde o oxigênio era escasso, pouco abaixo do cume, e pela primeira vez em uma semana ininterrupta sentiu vontade se sentar. E foi o que fez, sobre uma grande rocha molhada de gelo derretido. Só então percebeu que, a essa altura, tudo que havia a sua volta eram espessas nuvens. Após dias olhando pedras e mãos e neve e pés, o horizonte lhe foi roubado deixando em seu lugar um grande nada opaco. Onde estava a altura e o esforço em meio a isso?
Sentiu os nós dos dedos doerem, o boca seca, o sono acumulado. Devagar desceu da rocha molhada e, tão rápido quando iniciou a subida, começou a descer.
- Subir montanha, que ideia besta!

Um comentário:

Taila disse...

"A montanha é algo mais que a imensa estepe verde."