segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Ócio

As vezes, quando caminho,
me basta apenas a lama nas botas.
Não sinto o pó das pequenas alturas
não sinto a faca do tempo
que insiste em podar as extremidades secas da vida.
Quando caminho, abaixo os olhos
para evitar os rostos
para evitar a fala.
E quando o céu abre e o sol faz cantar árvores
deixo que queime apenas minha nuca
pois me basta a lama nas botas.

"O ócio, Luiz, te é molesto; pelo ócio
exultas e demasiadamente gesticulas,
o ócio arruinou, antes, tantos reis como
cidades opulentas."

Um comentário:

Paulo Chagas Dalcheco disse...

Creio que a última estrofe seja mais mote que desenrolar de poesia... Mas a primeira estrofe é simplesmente genial...