sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Desembarque

As rodas relincham
ao abraço dos freios que
interrompem os sonhos
em azul e preto.

Os morros se foram
assim como
os galões fumegantes e
os olhos marejados
à beira da estrada.

Homens se levantam olhando
o relógio,
mulheres se precipitam
a arrumar os cabelos;
Todos em solo esperado,
no destino bem mais valioso
que o valor pago pelas passagens
(ou ao menos para mim
que só sinto
e assisto
os olhos que se abrem).

A brisa desliza
pelas janelas seladas,
o sol ilumina
campos, antes castos, e
insemina dias, calores
e embriões futuros
na terra vermelha.

A grande máquina cessou,
cuspindo histórias junto ao
combustível queimado.
A grande máquina cortou
a própria espinha dorsal
e desabou sobre a macieira
do novo Édem.
E todo homem, mulher
e criança, antes embalados
pelo motor,
vestem agora a própria nudez
e sentem a grama por entre
os dedos dos pés.
E eu, que permaneci acordado
entre as curvas e retas,
entre as linhas e parágrafos,
entre as palavras do poeta francês e
as explosões combustíveis
posso dormir sob a sombra
das grandes árvores
de meu esperado jardim.

3 comentários:

misnape disse...

hings

misnape disse...

*ai que lindoooooooooo
*amo trens!
*me senti nos anos 30
*descendo na estação no meio dos campos forrados de verde

Ana Lins disse...

hey, parabéns

esse se tornou imediatamente meu favorito. bem bonito mesmo :)