sábado, 21 de novembro de 2009

Magna

A terra é, predominantemente, cinza e vermelha. Antes do verde, do azul ou negro, eram apenas o cinza e o vermelho, como osso e sangue. Desse bi-colorismo surgiu a saliva das rochas em forma de oceano, e da saliva o resto mastigado que, brotando no canto úmido do cenário, fez-se carne, de grandes mamas a jorrar leite coalho que, por sua vez, fez do vermelho os vermes.
Há quem diga que são modelos de barro ou macacos com talheres, mas a verdade é que tudo provem de um onisciente traço pré-existente de nada.
Certa vez me disseram que Marte em determinada posição abria um leque de possibilidades cegas de tragédias eminentes. “ Quando estive doente só não me preocupei porque os números prometiam recuperação”. E assim como Marte, a veia safena migrou ao tórax para abrir novas possibilidades de dor e cicatrização demorada. Os planetas não cauterizaram aquele senhor.
Hoje, pela tarde, o céu voltou a ser apenas cinza e jorraram grandes poças de saliva sobre os telhados. Fiz meu papel de carne.

3 comentários:

O Macaco disse...

talvez isso seja a melhor coisa que já saiu desse amontoado fétido de massa cefálica que você guarda dentro da cabeça e chama de cérebro. impressionante, meu caro! impressionante! muito bom!

Paulo Chagas Dalcheco disse...

Rodrigo, seu idiota!!! É massa ENcefálica... huahauahuahauhauahauau... agora vou ler o texto... huahauha

Paulo Chagas Dalcheco disse...

Enfim... Muito bom!!! "Macacos com talheres" é a melhor definição para o Homo Sapiens que já surgiu desde 1867, quando estávamos no Texas bebendo uísque e praticando o genocídio de índios... Palavrão!