Um latido fino e estridente ecoa na pequena gruta de tijolos e garrafas, despertando a alma de toda gente bêbada e faminta de atenção.
- Quié, Matheus? O que você quer?
A mão afaga a cabeça do pequeno Matheus, que com mais um latido agudo lança olhos para um pedaço indefinido de carne que roda, devagar, numa churrasqueira negra de fuligem e descuido.
- Por que não está em casa, hein? - A mão tem voz aveludada quando se aproxima do pequeno, amigável, atenciosa. - Vamos me acompanhar pra casa, vamos? Vem!
Os pelos de avelã de Matheus se eriçam e um meio sorriso patético de cão se abre em sua boca, deixando a lingua abobada dançar entre a fenda de seu rosto. Ele pula, dança em torno de sua mão que afaga.
Mais um dia de fome para o pequeno santo Matheus de pelos sujos. Mas um dia comum para o desconcerto da conversa de bar. Mais uma história sem importância de um cotidiano sem importância.
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