sábado, 19 de junho de 2010

Dunas

Talvez houvesse maneira de chegar à conclusão esperada não tivessem sido ditas todas as palavras possíveis sem uma total expressão.
O corpo faz dunas nos lençóis. Dunas de um oásis noturno onde há calor e tranqüilidade.
Mas ainda não há palavras.
Já doei todos os olhos e toques. Deixei os lábios sobre sua superfície calma. Espalhei meus órgãos em oferenda sob seus pés.
Mas nunca houve palavras suficientes.
Sinto a não concreticidade da fé religiosa. Sinto a desorientação do amor camoniano.
É toda a dor aconchegante, é toda a entrega, as camisas perfumadas, os meus olhos no vento de seu cabelo. São as dunas onde me deito.
E durmo, por dias. Durmo sentindo o palpitar do meu coração que está enterrado lá, no fundo dos lençóis.
Faz um ano que não encontro palavras para lapidar uma placa sobre meu templo. Me sinto gago ao tentar repetir a melodia mas deixo que seus dedos continuem a tocar as cordas.
Então me deito e amo em silêncio cada duna do seu corpo durante dias, e anos. E não pretendo me levantar. Sorrio em silêncio e amo devoto.

terça-feira, 1 de junho de 2010

A pedra do pastor.

Tremula bandeira
no córtex da terra
onde antes
mais leve, sem o
peso da patente
já era
alívio em campo sem seio.
Pois que o fim da fome
sem o sangue da nação
não dá bril
ao homem;
Sine qua non!